sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A contínua busca dos imigrantes por igualdade social

Cinco anos após a chegada dos primeiros haitianos na cidade, direitos trabalhistas e civis ainda não são respeitados
Cristiano Migon
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Cristiano Migon
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Hilain Julien e Marie Mika Amede são exemplos de perseverança após sofrerem injúrias raciais na cidade
Dificuldades como a intolerância racial e a falta de oportunidade, enfrentada por milhares de pessoas que deixaram suas famílias em outro país na busca de uma vida mais próspera, permanecem quase inalteradas após três anos da chegada dos primeiros haitianos a Bento Gonçalves. O preconceito, a oposição cultural à inserção social e a atual conjuntura econômica do país têm complicado a permanência dos imigrantes e são elementos vívidos no dia a dia de quem vem de longe para tentar o sustento. Contudo, após a criação de uma associação que tem por objetivo lutar por igualdade e pela defesa de direitos civis, o futuro dos mais de 1300 imigrantes do município pode mudar.
Criada em julho de 2015, a Associação de Imigrantes Haitianos de Bento Gonçalves (AIHB), que atualmente conta com 12 membros, visa defender interesses sociais e individuais, visando à cidadania, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, reduzindo as desigualdades na cultura municipal. Entretanto, de acordo com o presidente Manasse Marotiere, a tarefa é árdua e complexa. "A AIHB luta para evitar a marginalização da figura do imigrante na cidade. Agimos por meio de projetos e ações na conscientização do haitiano sobre seus direitos e deveres como cidadão, proporcionando-lhes condições de sustentabilidade e desenvolvimento da cidadania", explica.
A associação também exerce outras atividades como programas de inclusão social, integração com a comunidade, prestação de auxílio jurídico, orientação sobre costumes locais e preparação para inserção no mercado de trabalho. De acordo com Marotiere, a associação já possui duas comissões em funcionamento, de ações esportivas e culturais, as quais estão trabalhando na elaboração de projetos nas suas respectivas áreas.

Contudo, em corroboração a batalha contra uma cultura parcialmente hostil, atualmente, com a alta do dólar, os imigrantes enfrentam outra adversidade, a redução da quantidade de dinheiro enviada a suas famílias no Haiti. Com a variação cambial da moeda americana, as deduções fiscais da transferência para outro país implicam diretamente no montante repassado. Entretanto, o presidente também ressalta outra situação ainda mais delicada como agravante à permanência dos imigrantes no país, a dificuldade para validar diplomas. "O problema não está recebendo a devida atenção, muitos dos imigrantes que aqui residem possuem qualificação profissional ou formação em nível superior, contudo, não encontram informações adequadas para buscar a validação dos seus diplomas no Brasil", critica. De acordo com o presidente, este entrave somado ao preconceito intrínseco da sociedade, a dificuldade de comunicação, a falta de documentação legal e o desconhecimento das leis brasileiras, muitas vezes acabam por relegar o imigrante às margens da sociedade.

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